terça-feira, 15 de abril de 2008

O Vento, meu aliado


Trago em mim o vento que atrai a tempestade e me desenha na vaga das estações.
Sinto-me rodopiando no meio de todas as partículas que chocam e brilham, que desmaiam e se reanimam, que se agridem e se confortam.
Ecoam em mim os traços da tempestade, como fios cósmicos, trovões acordando-me, convidando-me à Liberdade.
Mas ainda trago em mim uma aragem rude, feita de medo e cansaço, um vento morto que parece estável e seguro, mas que me rasga... Uma dor preguisoça que me prende às ilusões e me transporta numa nuvem cinzenta de desejos e emoções. Uma sonolência que atordoa...
Quero transmutar esta Natureza, unir todas as forças numa só estação e tornar-me aliada do vento.
Soltarei este último suspiro e com o vento levantarei o véu da ignorância revelando toda a verdade cósmica que encerro...
E não mais voltarei deste reino de tranquilidade. Ficarei longe do sentido lógico que me impõe o tempo.
De olhos fechados deixar-me-ei guiar por essa luz que me toca e me desperta. E já não precisarei sentir o chão porque sou eu o lar e a unidade cósmica suporta-me num espaço invisível onde o tempo e a forma se desfazem numa explosão de energia eterna que desliza sobre mim apagando-me...

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