sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

António Ramos Rosa, Sempre...

O princípio criador realiza a máxima transformação possível no nosso tempo, dado que cria uma imagem correspondente à realidade primordial e una, ainda não separada pela consciência, uma realidade que só a personalidade criadora é capaz de criar a partir da sua totalidade. Toda a arte tem por função regenerar a existência, o que implica virtualmente a revolução da sociedade.” (“O princípio criador”, in A Parede Azul, 1991)

“Escreve-se sempre com as mãos nuas mas a nudez e a transparência da página é que permitem a penetração no obscuro, a revelação do invisível.” (Quando o Inexorável, Porto, 1983)
 
“Todo aquele que abre um livro entra numa nuvem / ou para beber a água de um espelho / ou para se embriagar como um pássaro ingénuo” (Delta seguido de Pela Primeira Vez, Lisboa, 1996)
 
“Diante da página branca, o poeta é um ser despojado que ignora o que vai fazer, porque nenhuma técnica, nenhum sentimento, nenhuma ética pode predeterminar a eclosão do poema que é uma espécie de relâmpago entre dois pólos (a linguagem e o silêncio ou a consciência e o desconhecido) sem que, no entanto, a palavra atinja a plenitude total, uma vez que ela é apenas o pressentimento de uma palavra absoluta. (...) A poesia é uma invenção livre e aberta mas é ao mesmo tempo uma insurreição vital, a eclosão de insuspeitadas energias que se actualizam na palavra segundo um modo de organização flexível e uma coerência não constrangedora para a sua incoerência essencial.” (“A pobreza da poesia”, in A Parede Azul, 1991)
 
 

Fundo intímo e transparente

São as horas que subtraem um segundo de cada vez?
Será o tempo que me divide em parcelas?

Não posso ser inteira
e ao mesmo tempo uma parcela!

O que me traz a luz
Nesta paisagem abstracta de sombras?

Perguntas sem rima e sem asas...

Nesta aritmética de sombras
é contínuo o movimento,
e a migração das formas

E eu aguardo o retorno matinal
da totalidade sobre mim

 
Dispo-me e abandono-me

E na pureza deste movimento
sinto, o beijo da eternidade

Sinto aqui, além ou perdida,
as horas sem garras!

e todas as evidências
anulando-se e afundando-se

Mergulho num fundo intimo e transparente
onde já não sou uma parcela e
todo o efémero se rende...

Já não é densa a rocha e
doce é a melodia da erosão

Que me devolve todas as possibilidades libertadoras
e a oportunidade de participar nesta dança cósmica

que dispersa e unifica sem nunca
subtrair, bailando em passes de mágica
harmonia...

Michael Faraday (1791 - 1867)

"As várias formas sob as quais as forças da matéria se tornam manifestas têm uma origem comum - ou, por outras palavras, encontram-se tão directamente relacionadas e são tão mutuamente dependentes que são convertíveis, por assim dizer, umas nas outras e possuem equivalentes de energia na sua acção."

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

versos de Rabindranath Tagore:

Não foi o martelo que deixou perfeitas estas pedras, mas a água, com sua doçura, sua dança, e sua canção.  Onde a dureza só faz destruir, a suavidade consegue esculpir.

Prece

“Que minha solidão me sirva de companhia, que eu tenha a coragem de me enfrentar. que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.” Clarice Lispector

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ainda sobre as palavras....

"Para quem acredita, nenhuma palavra é necessária; para quem não acredita, nenhuma palavra é possível." Inacio de Loyola