quinta-feira, 17 de julho de 2008

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind)

Vivemos no limite das nossas lembranças, enredados numa teia de ideais que congelam o nosso ser. Apoiamo-nos sempre em alguém quando o que precisamos é apenas descansar o coração. A lembrança apenas eterniza a nossa inquietação ora projectando-nos constantemente para um tempo que não existe ainda e que pode até nunca vir a existir, ora prendendo-nos a um tempo que não conseguimos parar…

E armazenamos memórias, memórias dos sentidos, memórias da palavra e da canção, memórias da sociedade e do destino… memórias do sucesso e do fracasso... memórias do fado...

Para depois com a lembrança insistirmos em medir o mundo, dando-lhe um sentido material, porque essa realidade é apenas uma lembrança da nossa imaginação que nos torna densos e nos afasta do que é essencial. Inventámos o concreto, a consciência do limite. Procuramos a resposta em cada parte, quando a explicação nos inunda e nos envolve, unindo-nos eternamente…

Resta-nos esquecer… para que possamos retornar à origem e ao silêncio libertando-nos do espaço e do tempo… E voltar… Quero voltar?

terça-feira, 1 de julho de 2008

Invisível e Transparente

Ser transparente, mas não invisível
é ocupar o éter na fantasia do pensamento
e alcançar o inatingível.
Depois,
apagar o momento.

Não falar,
mas comunicar.

Permanecer longe do tormento.

Não respirar,
mas agir

É não sentir, mas tocar…

Escutar o silêncio vibrante
e aceitar a urgência da quietude…

Amanhecer desfazendo o nó dos instantes…
e inundar-me de plenitude
num vazio de memórias esquecidas.
Aproximar-me dos átomos em combustão
e tornar-me invisível, mas não enfraquecida…

Sem razão, mas com a virtude
divina que nos apaga separados
para nos dar à luz unidos num só…