segunda-feira, 30 de junho de 2008

Mistério da vida

A vida não é uma pergunta a ser respondida, é um mistério a ser vivido com intensidade plena. A vida não é um cálice a ser esvaziado, é uma medida a ser cheia. Enquanto estivermos em confusão interna, cada indivíduo buscará sempre respostas exteriores, continuará sendo escravo ou escrava de gurus, pastores, sacerdotes, preconceitos, dogmas e falsas lideranças.
A vida é uma escola eterna que amplia ilimitadamente a nossa capacidade de conquistar liberdade, progresso e paz. Para sobreviver neste mundo, precisamos de conhecimentos técnicos. Para compreender, precisamos de vivências e de auto-conhecimento para descobrir que somos agentes de um processo universal de criação que contém toda a mente, a harmonia e o movimento cósmico.
Cada um de nós é uma manifestação única do poder infinito que continuamente ilumina, transforma, une e multiplica todos os seres...
Francisco Ortiz

"A freak like me Just needs infinity..."


sexta-feira, 27 de junho de 2008

Uma brisa mental

Às vezes sinto uma brisa mental que me traz uma nostalgia de certezas, uma fúria de vida que persiste no silêncio e me asfixia…

Às vezes sinto uma solidão com asas que me arrasta em delírios e me mostra o infinito para além dos limites da escuridão, e no entanto não se desfazem os laços que me acorrentam…

Pressinto a intensidade de uma ruptura, um parto de suor… uma súplica ardente de luz…

Desperta-me o útero adormecido no coração e espreita uma semente perdida nessa ilha onde me abandonei…

Um cansaço de dor… amarrotado nas marcas dolorosas que se apagam enquanto espero o anoitecer… e soluçam as emoções perante a complexidade do amanhecer… Procuro não ter pressa…

Mas o vazio atrai-me… Procuro não resistir…

E deixar-me ir…

Entrego-me à ira dos elementos, e espero… espero desventrar-me na inocência e desfazer todas as armadilhas… Sinto-me atordoada de melancolia…

Sinto uma sonolência que me sussurra a melodia da esperança e me sopra o alento da verdadeira essência sugando-me as forças… Mas não quero lutar… Quero ousar o silêncio e devorar-me na sombra efémera… Quero entregar-me no oceano encantado do permanente… e retomar a dimensão vazia do infinito…

Chiiiiiiiuuuuu
Os nossos sentidos adormecem a visão…
A Alma não é uma ilusão, é a inteligência divina, soluçando o Amor…


Chiiiiiiiuuuuu
Os nossos passos retardam o SER…
O Silêncio não é um rascunho, é a obra inteira, escondida…

terça-feira, 24 de junho de 2008

A Verdade é que...

Rabindranath Tagore:
“Se fechares a porta a todos os erros, a verdade ficará na rua”
Para merecermos a verdade, devemos assumir os nossos erros...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Em sintonia com Octávio Paz


Um excertozito de Rainer Maria Rilke, que confirma a sensatez de Octávio Paz em relação à linguagem...:
"As coisas estão longe de ser todas tão tangíveis e dizíveis quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou. Menos susceptíveis de expressão do que qualquer outra coisa são as obras de arte, - seres misteriosos cuja vida perdura, ao lado da nossa, efémera..."
E por fim:

"Quero lhe implorar
Para que seja paciente
Com tudo o que não está resolvido no seu coração e tente amar.
As perguntas como quartos trancados e como livros escritos em língua estrangeira.
Não procure respostas que não podem ser dadas porque não seria capaz de vivê-las. E a questão é viver tudo. Viva as perguntas agora.
Talvez assim, gradualmente, você sem perceber, viverá a resposta num dia distante."

terça-feira, 17 de junho de 2008

Acerca da Liberdade...

O outro dia acordei a meio da noite e estava a dar um filme esquisito. Falava o actor:
"Eu não estou de Férias, pois as pessoas de férias fazem coisas, e eu não faço nada. As pessoas de Férias organizam a sua liberdade e blá blá blá..."
É que a nossa vida tem a organização no trabalho, e a organização na vida privada... Então não é preciso estar de Férias para sentir a liberdade... A falta de liberdade está é no nosso horizonte mental limitado, e nas nossas mentes que nunca param de ser criativas. Estamos sempre a criar algo, movidos pelo nosso ego, pelos sentidos. Eu diria que o nosso ego está sempre naquela parte do nosso horizonte visual (neste caso mental), que se chama "ponto cego", onde a nossa percepção é limitada pela falta de elasticidade mental, por esta constante insatisfação, por essa criatividade e fundamentalmente por essa falta de experienciar cada segundo como uma eternidade, e também por essa constante teimosia em pensarmos que somos seres individuais...
De qualquer modo realmente é muito bom de vez em quando não fazer nada...E para terminar, nós não precisamos das Férias para descansar da "falta de liberdade", mas sim para nos conseguirmos "recentrar" de novo, deixar fluir o nosso interior mais profundo e quem sabe resgatá-lo em harmonia para o dia a dia... e manter-nos conectados com a nossa verdadeira essência , sem máscaras, sem floreados, que inevitavelmente, de Férias ou a trabalhar temos de construir... nós mesmos, aqui e agora, mais, ou menos intensamente, mas permanentes... livres...
Liberdade é colocar Amor em cada pensamento, em cada palavra, em cada acção...
Mais ou menos como alguém disse: Liberdade é fazer da Vida uma Poesia. Respondendo a um chamamento, aceitá-lo como um destino e nunca pretender uma recompensa vinda do exterior...

terça-feira, 3 de junho de 2008

António Ramos Rosa em 26 de Março de 2002

À minha volta vejo a plenitude da luz

sem peso

dar a cada coisa a evidência de ser

Tudo está por dizer à minha frente à minha volta.

Será necessário dizer?

Nada exige que eu diga

o que vejo e respiro

e me inunda

mas sinto a espera de tudo

numa sintonia branca

para que sobre a página

incida

o peso de cada coisa

iluminada