Existe algo que me impede de ver… Parece que tudo o que vejo é invisível. Estico as mãos para alcançar o que penso que vejo, e não consigo tocar… Mas sinto que algo me toca, algo que não vejo, mas que me puxa, me recolhe, me prende as mãos. Como se me permitisse apenas movimentar dentro de mim… Como se todos os gestos e todas as expressões estivessem encerradas num oceano infinito de liberdade, para além do mar, para além do horizonte… E o que vejo. Sim, o que vejo daqui é o limite da existência… Tenho medo… Tenho medo desta liberdade… Mas tenho ainda mais medo desta existência limitada pelas dúvidas e pelas memórias desfeitas… Sinto uma recusa desconhecida, uma necessidade intensa de inocência. Como se o meu corpo se inclinasse perante uma luz que não entendo, uma luz voltada para mim com tamanha intensidade que me cega, uma luz que me cega, mas que me revela… Revela aquilo que os meus sentidos não alcançam… e encontro-me imóvel… sufoca-me a inércia, porque é energia o que me inunda e me alegra… Encontro-me imóvel porque não aprendi a andar sem ver… Encontro-me imóvel porque não aprendi a ver sem andar… Encontro-me inerte porque procuro o infinito no lugar errado… Estranho…
Continuarei…
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