“O princípio criador realiza a máxima transformação possível no nosso tempo, dado que cria uma imagem correspondente à realidade primordial e una, ainda não separada pela consciência, uma realidade que só a personalidade criadora é capaz de criar a partir da sua totalidade. Toda a arte tem por função regenerar a existência, o que implica virtualmente a revolução da sociedade.” (“O princípio criador”, in A Parede Azul, 1991)
“Escreve-se sempre com as mãos nuas mas a nudez e a transparência da página é que permitem a penetração no obscuro, a revelação do invisível.” (Quando o Inexorável, Porto, 1983)
“Todo aquele que abre um livro entra numa nuvem / ou para beber a água de um espelho / ou para se embriagar como um pássaro ingénuo” (Delta seguido de Pela Primeira Vez, Lisboa, 1996)
“Diante da página branca, o poeta é um ser despojado que ignora o que vai fazer, porque nenhuma técnica, nenhum sentimento, nenhuma ética pode predeterminar a eclosão do poema que é uma espécie de relâmpago entre dois pólos (a linguagem e o silêncio ou a consciência e o desconhecido) sem que, no entanto, a palavra atinja a plenitude total, uma vez que ela é apenas o pressentimento de uma palavra absoluta. (...) A poesia é uma invenção livre e aberta mas é ao mesmo tempo uma insurreição vital, a eclosão de insuspeitadas energias que se actualizam na palavra segundo um modo de organização flexível e uma coerência não constrangedora para a sua incoerência essencial.” (“A pobreza da poesia”, in A Parede Azul, 1991)
Sem comentários:
Enviar um comentário