São as horas que subtraem um segundo de cada vez?
Será o tempo que me divide em parcelas?
Não posso ser inteira
e ao mesmo tempo uma parcela!
O que me traz a luz
Nesta paisagem abstracta de sombras?
Perguntas sem rima e sem asas...
Nesta aritmética de sombras
é contínuo o movimento,
e a migração das formas
E eu aguardo o retorno matinal
da totalidade sobre mim
Dispo-me e abandono-me
E na pureza deste movimento
sinto, o beijo da eternidade
Sinto aqui, além ou perdida,
as horas sem garras!
e todas as evidências
anulando-se e afundando-se
Mergulho num fundo intimo e transparente
onde já não sou uma parcela e
todo o efémero se rende...
Já não é densa a rocha e
doce é a melodia da erosão
Que me devolve todas as possibilidades libertadoras
e a oportunidade de participar nesta dança cósmica
que dispersa e unifica sem nunca
subtrair, bailando em passes de mágica
harmonia...
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