sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Fundo intímo e transparente

São as horas que subtraem um segundo de cada vez?
Será o tempo que me divide em parcelas?

Não posso ser inteira
e ao mesmo tempo uma parcela!

O que me traz a luz
Nesta paisagem abstracta de sombras?

Perguntas sem rima e sem asas...

Nesta aritmética de sombras
é contínuo o movimento,
e a migração das formas

E eu aguardo o retorno matinal
da totalidade sobre mim

 
Dispo-me e abandono-me

E na pureza deste movimento
sinto, o beijo da eternidade

Sinto aqui, além ou perdida,
as horas sem garras!

e todas as evidências
anulando-se e afundando-se

Mergulho num fundo intimo e transparente
onde já não sou uma parcela e
todo o efémero se rende...

Já não é densa a rocha e
doce é a melodia da erosão

Que me devolve todas as possibilidades libertadoras
e a oportunidade de participar nesta dança cósmica

que dispersa e unifica sem nunca
subtrair, bailando em passes de mágica
harmonia...

Sem comentários: